2.6.06

A GÊNESE DO PENSAMENTO CIENTÍFICO



A ciência surge na confluência de duas vertentes: A primeira é a gradual invenção de implementos tecnológicos criados durante o processo de adaptação ao meio e melhoria das condições de vivência do homem, sua origem remonta à idade da pedra, e sua história tecnológica é a história da invenção de ferramentas e de técnicas voltadas para a solução dos problemas práticos, atualmente fortemente relacionada com a história de ciência. A descoberta de uma nova fonte de conhecimentos permite criar coisas novas e reciprocamente, muitos projetos científicos tornam-se viáveis através das tecnologias que, também, possibilitam aos humanos viajar a lugares inimagináveis e sondar a natureza do universo em maiores detalhes que nossos sentidos permitem. Artefatos tecnológicos são produtos que contribuem para o crescimento econômico e para melhorias da vida cotidiana. As Inovações tecnológicas afetam e são afetadas pelas tradições culturais da sociedade. History of technology: Wikipedia

A segunda corrente é a busca de explicações racionais para os mistérios da vida e do mundo. Na tradição ocidental, a primeira escola de pensamento que admitiu ser o universo inteligível foi a dos filósofos-naturais da Ásia Menor, século VI A.C. "... Os Milesianos apresentaram uma nova visão da natureza em termos de entidades metodologicamente observáveis, e também produziram uma das primeiras filosofias verdadeiramente científicas..." Escola de Mileto: Wikipedia

Os filósofos pré-socráticos tentaram reduzir todas as coisas à uma única substância fundamental (arche) que seria origem do universo e fonte da vida. Quando perguntavam: “O que é natureza (physis)” entendiam: “Qual é a substância geradora de todas as coisas?”.



Para Thales (Θαλῆς ὁ Μιλήσιος, 624 AC - 546 AC) a água é a origem de todas as coisas.
"...Em oposição às descrições mitológicas, Thales encontrou no naturalismo explicações para os problemas do mundo sem referências ao sobrenatural. Explicou os terremotos com a teoria de que a terra flutua na água, e que os terremotos ocorrem quando a terra é agitada por ondas. Contrariamente, o ponto de vista supranatural pressupõe a existência de objetos passivos e inertes que são animados por poderes divinos para fazerem o que fazem. O fogo, por exemplo, não é naturalmente quente, mas é movido para o calor pelo espírito do fogo.


Thales, de acordo com Aristóteles, perguntou qual era a natureza íntima das coisas (physis, em Grego ou natura, em Latin) responsável pelo comportamento característico de cada objeto . Physis (φύσις) vem de phuein (φύειν), “germinar”, relacionado à nossa palavra “ser”. Natura é o modo como uma coisa é “formada”, com o cunho daquilo que existe por si mesmo. Aristóteles caracteriza a maioria dos filósofos “do início” (πρτον) como os pensadores para os quais “os princípios das formas materiais eram os únicos princípios de todas as coisas”, onde “princípio” é arche, “matéria” é hyle e “forma” é eidos..." Thales: Wikipedia


Mas, como não é possível explicar que o fogo e outras coisas mais derivam deste elemento, Anaximandro ( 610 AC– 546 AC) postula o apeiron', elemento indeterminado que não pode ser definido, e que não tem princípio nem fim.
Segundo Anaximandro se cada um dos elementos tradicionais (água, ar, fogo e terra) fosse oposto aos outros três, e se colocados em contato, um cancelaria o outro, somente um elemento ilimitado e indefinido poderia ser a fonte de todas as coisas.


A indeterminada natureza do apeiron despertou críticas, levando Anaxímenes ( 585 AC525 AC) a definir o ar como elemento primordial, um elemento mais concreto contudo, ainda, elemento sutil. Anaxímenes sustentou que pela evaporação e condensação, o ar pode se transformar em outros elementos tais como o fogo, a água e a terra.

Outros pensadores e escolas de pensamento apareceram por toda a Grécia nos séculos seguintes. Destacam-se:

Pitágoras (Πυθαγόρας, nasceu entre 580 and 572 AC e morreu entre 500 and 490 AC) postulou que o princípio fundamental e essência de todas as coisas é o número. Ele não fazia distinção entre forma, lei e substância. Considerava o número o elo entre estes elementos, assim pode descobrir várias relações matemáticas no mundo natural.
“... Pitágoras se interessou pela música levando os pitagóricos ao cultivo da música tão bem quanto a matemática. Quis melhorar a música de seu tempo, que considerava não harmônica por ser bastante errática. De acordo com uma lenda, Pitágoras descobriu que as notas musicais poderiam ser traduzidas em equações matemáticas ao observar ferreiros em seu trabalho. Imaginou, como os sons que emanavam das marteladas em suas bigornas eram agradáveis e harmoniosos, que qualquer lei científica que os explicasse deveria ser matemática e poderia ser aplicada à música. Foi aos ferreiros para observar suas ferramentas e investigar como eram produzidos tais sons. Descobriu que era porque as bigornas apresentavam “relações simples entre elas, uma era 1/2 do tamanho da primeira, outra 2/3, e assim por diante.” (Ver harmonia pitagórica.)
Pitágoras imaginou algo que chamou a "harmonia das esferas", os planetas e as estrelas mover-se-iam pelo universo de acordo com equações matemáticas, e acreditou que estas equações matemáticas poderiam ser traduzidas em notas musicais e assim produzir uma sinfonia. Os pitagóricos na formulação da teoria dos números desenvolveram o exato significado que é debatido ainda hoje pelos acadêmicos..." Pitágoras: Wikipedia

Heráclito de Éfeso (Ἡράκλειτος ὁ Ἐφέσιος, 535–475 AC): discordou de Tales, Anaximandro, e Pitágoras sobre a natureza última das coisas; Contrapõe que a natureza de tudo é a própria mudança (devir). Para Heráclito tudo está em contínuo movimento "eterno fluxo", como exemplificado no seu famoso aforismo "Panta Rei": "Tudo flui e nada é permanente". A ideia de logos também lhe é creditada, uma vez que proclama que tudo deriva do logos. Além disso, Heráclito disse "sou como não sou", e "Quem me ouve, não me ouve, mas ao logos que dirá "tudo é Um". Heráclito considerou o argumento da mudança fundamental a qualquer teoria da natureza. Heráclito: Wikipedia

"...A forma de pensar de Heráclito foi o resultado de percepções e intuições. Desprezou o pensamento racional, lógico, e conceitual. Suas declarações foram propositalmente contraditórias. "Somos e ao mesmo tempo não somos", "Ser e não-ser são ao mesmo tempo o mesmo e não o mesmo"
Este pensamento intuitivo é baseado na visão de um mutável mundo da experiência que é condicionado por variações intermináveis no tempo e no espaço. Cada objeto percebido através do tempo e do espaço tem uma existência relativa (a outros objetos). A natureza e a realidade são vistas como uma ação contínua na qual não há nenhuma existência permanente. A luta interminável entre contrários, que procuram integrar-se, é uma forma legal de justiça para Heráclito. De acordo com a cultura grega da competição, a luta entre todas as coisas segue um padrão, uma lei construída..." Philosophy in the Tragic Age of the Greeks: Wikipedia


Empédocles (Ἐμπεδοκλῆς, 490-430 AC): sistematizou a doutrina dos quatro elementos: terra, água, ar e fogo que chamou "as quatro raízes" das coisas; o termo "elemento" foi usado posteriormente por outros pensadores.
"...Empédocles também postula duas forças cósmicas que atuam sobre os elementos nos modos criativo e destrutivo. Personificadas como Amor (Philia) - força de atração e combinação e Ódio (Neikos) - força de repulsão e separação. Se estas forças cósmicas são enquadradas em termos simplesmente mecanicistas como descrições do modo como as coisas acontecem, ou como expressões de propriedades internas dos elementos, ou como forças externas que agem sobre os elementos, não está claro!. Também é vago se as duas forças são vistas como forças físicas mecanicamente independentes ou como divindades inteligentes que agem de modo intencional na criação e na destruição. Evidências podem ser encontradas para todas estas interpretações. O que está claro é que estas duas forças estão envolvidas numa eterna batalha pela dominação do cosmos e que uma delas prevalece a cada volta de um interminável ciclo cósmico ..." Empédocles: The Internet Encyclopédia of Philosophy




Anaxágoras (Αναξαγόρας, 500 AC428 AC): a realidade é tão ordenada que só pode ser governadas por uma mente inteligente, Nous (mente ou intelecto). Nous, ilimitado e autônomo, age sobre o mundo sensível, ordenando-o. Esta noção de causa inteligente que estabelece uma finalidade na evolução universal influenciará filósofos posteriores, como Platão e Aristóteles. Wikipedia: Anaxágoras.

"Anaxágoras...Propôs uma teoria física do "tudo-em-tudo" e declarou que nous (mente ou intelecto) era a causa do cosmos. Foi o primeiro a explicar corretamente os eclipses e se tornou famoso e notável por suas teorias científicas, inclusive pelas suas suposições de que o sol é uma massa de metal incandescente, que a lua é terrosa, e que as estrelas são rochas ígneas. Anaxágoras sustentou que no estado original, o cosmos era uma mistura de todos ingredientes (as realidades básicas de seu sistema). Tais ingredientes estavam misturados, de forma que nenhum ingrediente individual se destacava, mas a mistura não era completamente uniforme ou homogênea. Embora cada ingrediente fosse onipresente, alguns ingredientes se apresentavam em concentrações mais altas que outros, e estas proporções também variavam de lugar para lugar (não se apresentam assim no estado original do cosmos). A mistura que era ilimitada em extensão, num dado momento foi colocada em movimento pela ação de nous (mente). Então, a mistura começou a girar em torno de um pequeno ponto interno, e como o movimento de rotação provoca expansão, os ingredientes da mistura deslocaram-se e separam-se (de acordo suas densidades relativas) e se misturam novamente produzindo o cosmos, constituído das massas dos materiais separados que formaram os objetos materiais com as diferentes propriedades que nós percebemos...” Anaxagoras: Stanford Encyclopedia of Philosophy


Os Eleátas, Parmênides (Παρμενίδης ο Έλεάτης, início do séc. V. DC) e Zenão (Ζήνων ὁ Ἐλεάτης, 490 BC? – 430 BC?) rejeitaram a validade epistemológica da experiência sensorial, em contraposição, adotaram padrões matemáticos de objetividade e necessidade como critérios de verdade. Entre os eleatas, Parmênides e Melisso desenvolveram argumentos a partir de sólidas premissas. Zenão, por outro lado, empregou principalmente a redução ao absurdo, tentando destruir os argumentos dos outros pensadores ao mostrar que suas premissas levavam a contradições (paradoxos de Zenão).
As principais doutrinas do Eleatas foram construídas como reação às teorias dos antigos filósofos físicos que explicavam toda existência em termos de um elemento fundamental, e à teoria de Heráclito, que ‘toda a existência pode ser resumida a uma contínua mudança’. Os Eleatas admitiam que a verdadeira explicação das coisas se encontra na concepção da unidade do ser. De acordo com sua doutrina, os sentidos não podem conhecer esta unidade (ser), porque suas descrições seriam inconsistentes; somente pelo pensamento é que podemos ultrapassar as falsas aparências dos sentidos e chegar ao conhecimento verdadeiro do ser, a verdade fundamental que tudo é Um. Além disso, não pode haver nenhuma criação, porque o ser não pode vir de não-ser, e porque uma coisa não pode originar-se daquilo que é diferente dela.
Embora as conclusões do Eleatas fossem rejeitadas pelos últimos pré-socráticos e, também, por Aristóteles, seus argumentos tiveram grande repercussão e foram considerados avanços nos padrões dos discursos e dos argumentos de seu tempo, sua influência foi duradoura. Górgias, um Sofista, analisou a contribuição dos Eleatas em sua obra “Sobre a natureza ou o que não é”, e Platão os reconheceu em ‘Parmênides', nos ‘Sofistas' e em ‘Politicus’. Além disso, grande parte da filosofia dos antigos se apoiava nos métodos e nos princípios do Eleatas. Eleatas: Wikipedia
"... A interpretação tradicional do trabalho de Parmênides é que a ingênua percepção da realidade é imperfeita (descrita como doxa), e que a realidade do mundo é “a unicidade do Ser” (descrita como aletheia): uma imutável, incriada, completa e indestrutível totalidade. Parmênides estabeleceu uma contrastante, mas ainda convencional visão do mundo, transformando-se desse modo num dos primeiros expoentes da dualidade como aparência da realidade. Para ele e seus discípulos os fenômenos do movimento e da mudança são simplesmente aparências estáticas de uma realidade eterna.
A filosofia que apresentou em forma de poesia, foi-lhe transmitida por uma deusa, com ele próprio diz, embora os detalhes “mitológicos” de seu poema não apresentem quaisquer referencias a passagens conhecidas da mitologia grega tradicional...
A grande influência de Parmênides no pensamento de Platão é inegável, e também, influenciou toda história da filosofia ocidental. O próprio Platão no Sofista refere-se aos trabalhos de “nosso pai Parmênides” como algo que deve ser considerado seriamente e que deve ser tratado com todo respeito. Em Parmênides, que pode ser o próprio Parmênides ou Sócrates, analisa a dialética. Em Teeteto, Sócrates diz que Parmênides por si próprio, incluindo os sábios (Protágoras, Heráclito, Empédocles, Epicarmos, e Homero) negou que tudo é mudança e movimento.
Parmênides é considerado a principal autoridade na formulação do “desafio Eleático” que determinou o curso dos questionamentos dos filósofos subsequentes. Por exemplo, as ideias de Empédocles, de Anaxágoras, de Leucipo, e de Demócrito foram vistas como respostas aos argumentos e às conclusões de Parmênides". Parmênides: Wikipedia


Os Atomistas, Demócrito (Δημόκριτος, natural de Abdera na Tracia, 460 AC) e Leucipo (Λεύκιππος, meados do séc.V AC), em reação ao eleatismo introduziram o conceito de átomo, elemento indivisível. Os átomos são infinitos em número, imutáveis e indestrutíveis e estão em eterno movimento no vazio (vácuo). Ensinavam os atomistas que todas as coisas acontecem, necessariamente, em consequência de uma causa.
O vácuo é infinito e define o espaço onde os átomos podem se agregar ou se organizar de maneiras distintas. Os diferentes agrupamentos possíveis e as diversas distribuições de átomos no vácuo criam as inúmeras ‘formas básicas’ que podemos perceber, ver, ouvir, tocar, cheirar e saborear. Embora possamos sentir quente ou frio, quente e frio, de fato, não tem nenhuma existência real. Eles, simplesmente, são sensações produzidas pelos diferentes agrupamentos e dispersões dos átomos no vácuo que geram os objetos que percebemos como "quente" ou "frio”.
Após colisões entre átomos os objetos grandes são fragmentados em objetos cada vez menores. A poeira resultante, ainda composta dos mesmos átomos eternos das configurações anteriores do universo, produz um vórtice que aglomera novamente o pó resultante em objetos maiores, recomeçando um novo ciclo.
Alguns filósofos responsabilizaram Demócrito pela idéia de que os deuses foram criados e não criaram os homens. Por exemplo, Sextus Empiricus assinalou, "Algumas pessoas pensam que nós chegamos à ideia de 'divindade' através das coisas extraordinárias que acontecem no mundo. Demócrito... diz que as pessoas dos tempos antigos se assombravam com os acontecimentos nos céus como trovão, raio..., e pensavam que eles eram causados pelos deuses (Taylor 1999, p. 140).
" De acordo com Demócrito, os eventos no universo são inteiramente mecânicos, impelidos pelo que ele chamou "vibrações", velocidades e impactos dos átomos constituintes. Ele explicou que as coisas acontecem por ‘necessidade', causadas por colisões mecânicas e pelas agregações naturais dos átomos. “Ao ser redescoberta no século XVII, esta visão se tornou a base da ciência moderna”. Atomismo: Wikipedia



GRANDES SISTEMAS

Sócrates (Σωκράτης, 470 399 AC): figura-chave na transformação da filosofia grega em um projeto unificado e permanente (pretensão não alcançada ainda hoje). Sócrates: Wikipedia
Com certeza sua contribuição mais importante para o pensamento Ocidental é a sua dialética (respondendo a uma pergunta com outra pergunta) o método da interrogação, conhecido como Método Socrático ou ‘elenchos’, que ele amplamente aplicou ao exame de conceitos morais-chaves como o Bem e a Justiça. Foi primeiramente descrito por Platão nos Diálogos Socráticos. Para resolver um problema você faz uma pergunta e encontrando a resposta você terá uma provável solução para seu problema. Isto levou ao surgimento do Método Científico, no qual o primeiro passo diz formular o problema como pergunta. (O método pode ter sido sugerido por Zenão de Elea, mas Sócrates refinou-o e aplicou-o aos problemas éticos). Neste método, uma série de perguntas é colocada para ajudar uma pessoa ou o grupo de pessoas na averiguação de suas crenças subjacentes e da extensão do seu conhecimento. O método Socrático é um método negativo de eliminação de hipóteses, em que as melhores hipóteses são encontradas pela identificação e eliminação daquelas que levam a contradição. Foi formulado para forçar as pessoas a examinarem a validade das suas próprias crenças. De fato, Sócrates uma vez disse, "sei que você não me acreditará, mas a forma mais alta da Excelência Humana é interrogar a si mesmo e aos outros”. No entanto, Sócrates é habitualmente considerado o pai da filosofia política e da ética ou filosofia moral, e fonte dos principais temas na filosofia Ocidental. Veja o artigo: Socratic method: Wikipedia
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Platão (Πλάτων, 427 - 348 AC): trata da natureza e sua origem no diálogo Timeu. Propõe que desde que nada "existe ou se transforma" sem uma causa, então a causa do universo deve ser um Demiurgo ou Deus, ao qual se refere como o pai do universo. Usando o mundo eterno e perfeito das "formas" ou das idéias como protótipo o demiurgo organiza nosso mundo que no princípio era chaos.

O Timeu descreve este chaos como uma falta de homogeneidade ou equilíbrio, em que os quatro elementos (terra, ar, fogo e água), amorfos e misturados estavam em caótico movimento. O ato essencial do criador é impor ordem e consistência a este chaos e anarquia... O Timeu de Platão questiona a criação dos quatro elementos (terra, água, ar, e fogo) que o pensamento dos antigos gregos supunha ter produzido o universo.

Platão pensa que cada um destes elementos deve originar-se de um determinado sólido (geométrico): o elemento terra seria um cubo, o ar um octaedro, a água um icosaedro, e o fogo um tetraedro. Cada um destes poliedros perfeitos seria composto por sua vez de triângulos. Somente determinadas formas triangulares seriam permitidas, como os triângulos de (30-60-90)° e os de (45-45-90)°. Cada elemento poderia ser decomposto em seus triângulos componentes, e novamente recompostos para formar os outros elementos. Assim, os elementos seriam interconversíveis...O Timeu de Platão postula a existência de um quinto elemento (que corresponde ao quinto sólido, o dodecaedro) chamado quintessência, do qual o próprio cosmos é derivado. Platão: Wikipedia


Aristóteles (Αριστοτέλης, 384 – 322 A.C.) “... Aristóteles define filosofia em termos de essência, declara que filosofia é "a ciência da essência universal (real)". Platão define filosofia como "ciência da ideia", entendendo como ideia aquilo que devemos chamar a base incondicional dos fenômenos. Ambos consideram a filosofia preocupada com o universal; Aristóteles, entretanto, encontra o universal nas coisas particulares, chamando-o a essência das coisas, enquanto Platão descobre que o universal existe além das coisas particulares, e lhes é relacionado como seu protótipo ou exemplar.
Para Aristóteles, consequentemente, o método filosófico implica 'a subida', do estudo de fenômenos particulares ao conhecimento das essências; enquanto para Platão o método filosófico significa ‘a descida' do conhecimento de ideias universais a uma contemplação de imitações particulares daquelas ideias. Em algum sentido, o método de Aristóteles é indutivo e dedutivo, enquanto o de Platão é essencialmente dedutivo, a partir de princípios a priori.

Na terminologia de Aristóteles, a expressão filosofia natural se refere aos fenômenos do mundo natural, que incluem: movimento, luz, e as leis da física. Muitos séculos mais tarde estes assuntos transformar-se-iam na base da ciência moderna, estudado através do método científico... O método de Aristóteles tem como foco a dedução (silogismo).

O que é uma dedução? Aristóteles diz: Uma dedução é o discurso onde uma conclusão é alcançada, necessariamente, a partir de determinadas suposições. Cada uma das "suposições" é uma premissa do raciocínio, e o que resulta é a conclusão.
A dedução é uma das duas espécies de raciocínio reconhecidas por Aristóteles. A outra é a indução. Ele tem pouco a dizer sobre indução, mas com algum esforço caracteriza ‘indução’ como o "raciocínio que se move do particular ao universal". Entretanto, a indução desempenha papel crucial na teoria do conhecimento científico...Indução ou raciocínio indutivo, também chamada de lógica indutiva, é o processo de raciocínio no qual as premissas de um argumento (consideradas verdadeiras) permitem uma generalização (ao estabelecer proposições universais a partir de casos particulares) mas não asseguram sua validade. É empregada na formulação de leis gerais ou teorias baseadas em observações ‘contingentes’ de padrões repetitivos encontrados no mundo natural.
"A indução como processo de construção do conhecimento, é reconhecida como o indemonstrável primeiro princípio da ciência".

"Os textos de Aristóteles sobre ciência são fundamentalmente qualitativos, não quantitativos... Suas falhas deviam-se à ausência de conceitos como massa, velocidade, força e temperatura. Teve noções de velocidade e temperatura, mas nenhuma compreensão quantitativa deles por não possuir um equipamento experimental adequado, como relógio ou um termômetro...Aristóteles: Wikipedia


Arquimedes de Siracusa (Άρχιμήδης, 287 BC – 212 BC): estabeleceu os fundamentos da mecânica e da hidrostática. Como precursor do método científico elaborou uma combinação de experimento e métodos dedutivos apresentados na geometria: formulam-se hipóteses, deduzem-se as consequências e depois comparam-se estas com os resultados da observação e do experimento."



O ceticismo filosófico surgiu na antiga filosofia grega. Um de seus primeiros defensores, Pirro de Elis (360-275 BC), após viajar e estudar na Índia propôs a adoção de um ceticismo “prático”. Posteriormente, na ‘Nova Academia’ Arcesilaus (315-241 BC) e Carneades (213-129 B.C.) defenderam concepções mais teóricas, através das quais as ideias de verdade e falsidade absolutas seriam refutadas. Carneades criticou as visões dos Dogmáticos, especialmente dos defensores do Estoicismo, sustentando que a certeza absoluta do conhecimento é impossível. Sextus Empiricus (200 BC), a principal autoridade do ceticismo grego, desenvolveu uma nova posição incorporando elementos do empirismo como base para a elaboração do conhecimento. Para os céticos, as formas lógicas dos argumentos eram indefensáveis, porque confiavam em proposições que não poderiam ser consideradas verdadeiras ou falsas, pois dependiam de proposições adicionais. Chamado o argumento da regressão, onde cada proposição depende de outras proposições para manter sua validade. Philosophical skepticism: Wikipedia





Visão grega da natureza: a ciência natural grega era baseada no princípio de que o mundo da natureza está saturado ou é penetrado pela mente, pelo entendimento. A mente é a fonte da regularidade ou ordenação do mundo natural, propiciando uma ciência da natureza. O mundo da natureza era encarado como o de corpos em movimento. Os movimentos em si mesmos eram devidos à vitalidade ou “Alma”, dado que o mundo da natureza é um mundo não só de movimento perpétuo e portanto vivo, mas também de movimento regular ou ordenado. De acordo com isso os gregos afirmavam que o mundo da natureza era não só vivo como inteligente. Não só um vasto animal com alma ou vida própria, mas também animal racional com mente própria. Estabeleceram uma analogia entre o mundo da natureza e o mundo do ser humano individual, analogia entre o macrocosmo e o microcosmo". René Taton


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5 comentários:

Vicente Risi Junior disse...

O que eu tenho a dizer! disse...
Boa Tarde Vicente.
Essa madrugada assistir o filme: Alexandre o Grande. E fiquei um pouco confuso com os nomes dos deuses, mas agora depois de ter lido o seu artigo entendi de vez o filme.
Você já deve ter ouvido a música de Caetano Veloso, que por sinal, também retrata muito bem a vida de Alexandre, o rei da Macedônia!
O que você acha do livro de Don Brown?
Fiquei fã do seu blog!

Vicente Risi Junior disse...

“O que eu tenho a dizer” Nada a dizer, apenas que O Don Brown contribui para a humanização de Jesus. Como todos nós, frutos de contradições e conflitos, Jesus conseguiu superar suas limitações naturais atingindo um patamar mais elevado nos níveis de realidade que tentamos compreender.
Agradeço suas considerações.
Abraços do Vicente

quarkup disse...

muito bom blog juntar mitologia e ciencia muito boa ideia.

Anônimo disse...

muito legal
adorei

Anônimo disse...

o site ta d parabens
adorei