2.6.06

A FORMAÇÃO DO MÉTODO CIENTÍFICO






... Com a destruição do Império Romano, resultado das migrações 'bárbaras', a estrutura político-administrativa da Europa Ocidental do início da Idade Média se desintegrou ... Os textos originais da antiguidade clássica (em grego) desapareceram, ficaram somente versões resumidas e deturpadas dos tratados originais traduzidos para o latim. A Igreja Católica conseguiu sobreviver desenvolvendo, através do trabalho de monges copistas, algumas tradições de questionamento intelectual ... As invasões ‘bárbaras’ contribuíram decisivamente para as mudanças econômicas e sociais que alteraram radicalmente o sistema de propriedade e produção característicos da antiguidade, culminado no Feudalismo (consolidado ao fim do império Carolíngio, século IX DC) ... “ Idade Média: Wikipedia




O legado medieval para o progresso científico: "... A Europa, a partir do século XII recebe um grande influxo de novos inventos, novas maneiras de gerenciar os meios de produção e o conseqüente crescimento econômico. O período experimentou grandes avanços tecnológicos, incluindo a invenção ou a adoção através da Rota da Seda da imprensa, da pólvora, do astrolábio, dos óculos incluindo avanços na óptica, e importantes melhorias nos moinhos de água, nas técnicas de construção, na agricultura, nos relógios e nas embarcações … Mas, a herança mais importante do período, provavelmente, foi o nascimento e multiplicação das universidades, juntamente com o surgimento das primeiras sementes da metodologia científica ...". Tecnologia Medieval: Wikipedia


Robert Grosseteste (1175 - 1253) “...Em seus trabalhos de 1220-1235, particularmente os comentários aristotélicos, Grosseteste prepara os fundamentos para seu próprio método de investigação científica. Apesar de não ser totalmente coerente com suas concepções ao longo de suas investigações, o trabalho de Grosseteste é visto como uma grande contribuição na história do desenvolvimento da tradição científica ocidental.
Grosseteste foi o primeiro dos Escolásticos que compreendeu a visão Aristotélica da via dupla do raciocínio científico: generalização das observações particulares em uma lei universal, e o caminho de volta, das leis universais à previsão de casos particulares. Grosseteste chamou isto de "resolução e composição". Assim por exemplo, ao observar detalhes da lua é possível chegar às leis universais sobre a natureza. E inversamente, a partir da compreensão das leis universais, é possível fazer predições e observações sobre outros objetos além da lua.
Acrescentou Grosseteste que ambos os trajetos devem ser verificados com a experimentação a fim de confirmar os princípios. Estas idéias estabeleceram uma tradição que chegou à Pádua e a Galileo Galilei no século XVII. Tão importante quanto a "resolução e composição" foi para o futuro da tradição científica ocidental, mais importante para sua época foi a idéia de subordinação das ciências. Por exemplo, considerando a geometria e o sistema óptico, o sistema óptico é subordinado à geometria porque o sistema óptico depende da geometria. Assim Grosseteste concluiu que a matemática era a mais elevada de todas as ciências, e base para todas as outras, desde que cada ciência natural depende fundamentalmente da matemática.
Justificou esta conclusão considerando a luz, que acreditou ser a "forma primeira" de todas as coisas, fonte de toda a geração e do movimento. Desde que a luz poderia ser reduzida às linhas e pontos, e assim explicada inteiramente no reino da matemática, a matemática poderia ser considerada a mais elevada das ciências. O trabalho de Grosseteste em óptica foi, também, relevante e seria continuado por seu discípulo mais famoso: Roger Bacon...” Robert Grosseteste: Wikipedia




Roger Bacon ( 12141294) "... Importante filósofo inglês, também influenciado pelo empirismo, tornou-se um dos primeiros defensores do moderno método científico ... Roger Bacon foi discípulo de Grosseteste e inspirou-se nos trabalhos de cientistas muçulmanos (particularmente Alhazen) que haviam recuperado textos gregos (na época Aristóteles era conhecido somente a partir de traduções imperfeitas) e desenvolveram uma nova ciência sob influência da formulação da indução feita por Aristóteles. Em sua descrição do método científico, Bacon prescreve um ciclo repetitivo de observação, hipótese, experimentação, e a necessidade de verificação independente. Registrou seu procedimento experimental de maneira precisa, em detalhes, de modo que outros pudessem reproduzir e independentemente testar seus resultados...” Roger Bacon: Wikipedia
A ciência oriental


A ciência islâmica (Veja a History of science in the Islamic World)
“... no Oriente Médio, a filosofia grega recebeu proteção do Califado árabe, responsável pela expansão do Islã nos séculos VII e VIII, assim o período de influência cultural islâmica se estende até o século XIV. Diversos fatores contribuíram para isso: o uso de uma única língua, árabe, que permitiu a comunicação sem a necessidade de um tradutor; acesso aos textos gregos e romanos do império bizantino junto com fontes indianas de conhecimento que forneceram aos estudiosos islâmicos uma base para o desenvolvimento de novos conhecimentos. Além disso, havia o Hajj (peregrinação à Meca), que facilitou o compartilhamento cultural colocando em contato pessoas com novas idéias de toda parte do mundo islâmico.

Os cientistas islâmicos deram mais crédito ao experimento do que os gregos. O matemático Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi emprestou seu nome ao conceito indiano de algarismo, enquanto que o termo álgebra derivado de al-jabr é o início do título de uma de suas publicações. O matemático Al-Batani (850-929) contribuiu para a astronomia e para a matemática, e Al-Razi, pensador persa, à química. Na astronomia, Al-Batani melhorou as medidas de Hiparco, preservadas na tradução do grego 'Hè Megalè Syntaxis' (O grande tratado) traduzida como Almagesto. Al-Batani melhorou, também, a precisão das medidas da precessão do eixo de rotação da terra. A Alquimia árabe, embora falha como ciência, inspirou Roger Bacon, também influenciado pelos pensadores árabes. A Ciência Islâmica: Wikipedia


A Ciência na Índia.
“... Na filosofia indiana (darshana), a teoria atômica apresenta-se com idéias categorizadoras sobre átomo e, também, sobre a estrutura atômica do mundo material... O conceito de átomo na Índia antiga resulta da classificação do mundo material em cinco elementos básicos: terra (prithvi), fogo (agni), ar (vayu), água (jaal) e éter ou espaço (aksha)... Os filósofos indianos antigos acreditaram que todos os elementos exceto o éter eram fisicamente tangíveis, portanto, formados de minúsculas partículas. A menor partícula, que não poderia ser subdividida, foi chamada paramanu em Sânscrito (abreviada por parmanu), vem de parama (final ou além) e de anu (átomo). Assim, "paramanu" significa literalmente "além do átomo", conceito abstrato que sugere a possibilidade de subdividir átomos, que agora é uma das modalidades da energia atômica...."
Aryabhata em 499 DC apresentou uma visão heliocêntrica do sistema solar com base na gravitação incluindo teorias astronômicas e matemáticas em que considera a rotação da terra e o movimento periódico dos planetas em órbitas elípticas com relação ao sol. Realizou cálculos exatos das constantes astronômicas baseadas neste sistema, tal como os períodos dos planetas, a circunferência da terra, eclipse solar e lunar, a duração da rotação da terra em torno de seu eixo, o comprimento da órbita da terra em torno do sol, e as longitudes dos planetas usando excêntricas e epiciclos. Introduziu também algumas funções trigonométricas (seno, verseno, cosseno e a cossecante), tabelas trigonométricas, e técnicas álgebricas.


No século VII DC, Brahmagupta descreveu brevemente a lei da gravitação, e reconheceu a gravidade como uma força da atração. Também explicou corretamente o uso de zero como símbolo posicional e como dígito decimal juntando-o aos algarismos indo arábicos usados universalmente.
O Siddhanta Shiromani é um texto matemático de astronomia escrito por Bhaskara no século XII. Os doze capítulos da primeira parte abordam tópicos como: longitudes médias dos planetas; longitudes reais dos planetas; os três problemas da rotação diária da terra; sizígias; eclipses lunares; eclipses solares; latitudes dos planetas; nascimentos e ocasos; fases da lua; conjunções dos planetas. A segunda parte contém treze capítulos sobre a esfera celeste, cobre tópicos como: cosmografia e geografia; movimento planetário; modelo excêntrico com epiciclos dos planetas; a esfera armilar; trigonometria esférica; elipse; instrumentos astronômicos; as estações do ano; e problemas de cálculos astronômicos.
A partir do século XII, Bhaskara e os vários matemáticos keraleses conceberam os fundamentos do cálculo diferencial, a analise matemática, as séries trigonométricas, a notação de ponto flutuante, e os conceitos fundamentais para desenvolvimento do cálculo...


A ciência na China.
Em sua rica e ‘venerável’ história, a China deixou como herança as extraordinárias 'quatro grandes invenções’: a bússola, a pólvora, a arte da fabricação do papel, e a imprensa. Estas quatro contribuições tecnológicas causaram enorme impacto no desenvolvimento da civilização Chinesa e amplo impacto global. “Francis Bacon declara no ‘Novum Organum’ que a imprensa, a pólvora e a bússola mudaram a face e o estado das coisas por todo o mundo; primeiro na literatura, depois na guerra, e por fim na navegação; Daí seguiram-se inumeráveis mudanças, tanto que nenhum império, nenhuma seita e nenhuma estrela parecem ter exercido maior poder e influência nas atividades humanas do que estas descobertas mecânicas." (Novum Organum, Liber I, CXXIX - Adapted from the 1863 translation)
Em relação à matemática, a antiga contribuição chinesa se resume a dois trabalhos: The Nine Chapters on the Mathematical Art e o Suàn shù shū .
Muitos historiadores acreditam que matemática chinesa e a matemática do mundo mediterrâneo antigo se desenvolveram mais ou menos independentemente até o momento em que os ‘Nove Capítulos’ alcançaram sua formulação final. No terceiro século
Liu Hui escreveu seu comentário sobre os Nove Capítulos e sobre o Haidao suanjing que trata de uso do teorema de Pitágoras, conhecido na China como teorema de Gougu, para medir o tamanho das coisas. No quinto século o "Zhang Qiujian suanjing" aborda as equações lineares e quadráticas.
Nessa época, os chineses já tinham desenvolvido o conceito de
números negativos e na Dinastia Tang o estudo da matemática já era razoavelmente padronizado nas principais escolas.
O décimo terceiro século presenciou um renascimento da matemática teórica chinesa, nessa época os matemáticos chineses resolviam equações com métodos que só foram descobertos na Europa pelo século XVIII.
As principais obras desta era foram os livros de Zhu Shijie, o Suanxue qimeng e o Siyuan yujian que relata um método equivalente ao método de Gauss da condensação pivotal e uma forma do
triângulo de Pascal chamado "o antigo método das potencias até oito". Outras descobertas incluem os números negativos, o teorema binomial, métodos matriciais para resolver sistemas de equações lineares, o teorema chinês do resíduo, e a regra de três.
O pensamento acadêmico ocidental sobre a historia da tecnologia e da ciência chinesas foram vitalizados pelos trabalhos de Joseph Needham e do Instituto de Pesquisa Needham. Entre as realizações científicas da China destacam-se os primeiros detectores sismológicos, os fósforos, a invenção independente do sistema decimal, as docas secas, os calibres deslizantes (paquímetro), a bomba de pistão de dupla ação, o ferro fundido, o arado de ferro, a semeadeira multi-tubos, o carrinho de mão, a ponte pênsil, o pára-quedas, o gás natural como combustível, a hélice, a besta, foguete de combustível sólido, e o canhão. Destacam-se, ainda, contribuições na lógica, na astronomia, na medicina, e em numerosos outros campos.
História da Ciência na China: Wikipedia / Ciência e Tecnologia na China: Wikipedia


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